Desigualdade entre homens e mulheres no trabalho quase não caiu em 27 anos, diz OIT

 

Em 2018, a probabilidade de uma mulher trabalhar foi 26% inferior que a de um homem, uma melhoria de apenas 1,9% com relação a 1991.

A lacuna de gênero no trabalho quase não diminuiu nos últimos 27 anos e, em 2018, a probabilidade de uma mulher trabalhar foi 26% inferior que a de um homem, uma melhoria de apenas 1,9% com relação a 1991, apontou nesta quarta-feira (6) a Organização Mundial do Trabalho (OIT).

Participação das mulheres no mercado de trabalho segue menor que a dos homens

Esse resultado vem após um estudo recente e que evidenciou que 70% das mulheres preferem ter um emprego do que ficar em casa, algo com o que, além disso, 66,5% de homens estão de acordo.

Mercado de trabalho brasileiro mostra que as mulheres levam desvantagem em cargos e áreas; diferenças salariais chegam a 53% — Foto: Monty Rakusen/Cultura Creative

“Já não se pode afirmar de maneira crível, em nenhuma região e nem com relação a nenhum grupo social, que as diferenças quanto a emprego entre homens e mulheres acontecem porque as mulheres não querem trabalhar fora do lar”, disse a chefe da Área de Gênero, Igualdade e Diversidade da OIT, Shauna Olney, em entrevista coletiva.

Mães são as mais afetadas

As mais afetadas pela desigualdade são as mulheres com filhos menores de seis anos, que sofrem com o que chamou de “penalização profissional da maternidade”.

 

Segundo os últimos dados, em dez anos a diferença entre as mulheres sem filhos pequenos e as mulheres com filhos menores de seis anos que trabalham passou de 5,3% a 7,3%, sendo a principal razão para isso o aumento da presença das mulheres do primeiro grupo no mercado de trabalho.

A PENALIZAÇÃO DA MATERNIDADE NÃO SE LIMITA AO ACESSO A UM EMPREGO, MAS SEGUE AS MULHERES DURANTE GRANDE PARTE DE SUA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL E DIFICULTA SUAS POSSIBILIDADES DE CHEGAR A POSTOS DE LIDERANÇA, SEGUNDO A OIT.

Isso é demonstrado com fatos, já que apenas 25% dos cargos de gerentes com filhos menores seis anos são ocupados por mulheres, enquanto a proporção de mulheres em cargos diretivos aumenta para 31% se não tiverem filhos pequenos.

A OIT, além disso, estabeleceu em um recente relatório que em nível mundial persiste uma diferença de remuneração de 20% entre homens e mulheres, uma realidade da qual não se salvam nem os países considerados mais evoluídos na matéria.

Paridade de oportunidades

A Islândia é o único que alcançou plena paridade nas oportunidades de trabalho para homens e mulheres, mas ainda não conseguiu igualdade de remunerações, por isso que o Governo anunciou medidas concretas para acabar com a lacuna salarial no próximo ano.

Com esse fim, o governo tomou diversas medidas que vão desde a certificação de empresas que pagam por igual a homens e mulheres que realizam um trabalho de valor similar ao estabelecimento de um sistema para que as firmas privadas prestem contas a respeito.

OUTRO ASPECTO QUE PREOCUPA A OIT É QUE A RENTABILIDADE DA EDUCAÇÃO OBTIDA PELAS MULHERES – EM TERMOS DE EMPREGO – É MENOR QUE PARA OS HOMENS. EM NÍVEL MUNDIAL, 41,5% DAS MULHERES COM TÍTULO UNIVERSITÁRIO NÃO TRABALHAM, ENQUANTO NO CASO DOS HOMENS SÃO APENAS 17,2%.

Além da penalização da maternidade, as mulheres são prejudicadas por serem as que assumem em geral o cuidado de pessoas dependentes, seja por velhice, doença ou incapacidade; assim como o trabalho doméstico.

A diretora do Departamento sobre Condições de Trabalho e Igualdade da OIT, Manuela Tomei, disse que para que isto mude não é suficiente apenas eliminar tudo aquilo que faz possível a discriminação e o estabelecimento de regras de cumprimento voluntário, os países devem se dotar de leis específicas que garantam não só a igualdade de tratamento e de oportunidades, mas igualdade de resultados, elementos que também deveriam estar incluídos nos convênios coletivos.

“Quando isto é deixado à vontade das empresas, o impacto que tem é limitado”, afirmou Tomei.

Diretoria Executiva da CONTEC

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